Mateus Leme está situado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no Vetor Sudoeste. A Figura abaixo traz a localização do município no contexto estadual e microrregional, distante 61 km da Capital Estadual, Belo Horizonte. Atualmente o município é composto pela sede e os distritos de Serra Azul e Azurita.

Figura 1: Localização distritos, povoados e localidades, Mateus Leme

Fonte: Equipe de Revisão Planos Diretores Municipais, 2017 – Dados IBGE, 2010

Seus principais acessos são através das rodovias MG-050 (que corta o município), BR-262 e BR-381, rodovias duplicadas e administradas pela iniciativa privada, garantindo ao município boa acessibilidade rodoviária. Mateus Leme também possui ligação ferroviária em bitola larga (1600 mm) e bitola métrica (1000 mm).

Mateus Leme se insere no vetor oeste da RMBH conforme a dinâmica de reestruturação territorial apontada pelo PDDI e atualizada pelo projeto do Macrozoneamento. O vetor oeste se caracteriza por uma dinâmica ligada essencialmente ao desenvolvimento e à atividade industrial (sendo o principal eixo de expansão industrial da RMBH), especializada nos setores do complexo minero-metalúrgico-metal-mecânico. Essa concentração da atividade econômica produz, por sua vez, uma forte expansão imobiliária ( ligada à dinâmica de produção de habitações através do PMCMV) que implica em ampliação das demandas por urbanização, especialmente nos municípios próximos a Belo Horizonte, e, também, no aumento de moradia informal e de baixa qualidade. Mais recentemente, o vetor vem experimentando outras formas de produção imobiliária ligadas, principalmente, à dinâmica dos condomínios residenciais fechados.

O vetor oeste também experimenta o processo de descentralização de diversas cadeias produtivas que transbordam dos municípios tradicionais (como Contagem e Betim) em direção a outros municípios do eixo. Essa descentralização, combinada com a própria expansão da atividade industrial – e de sua complexificação e intensificação tecnológica – se reflete na intensificação da atividade industrial em municípios antes menos dependentes da mesma bem como a reprodução de transbordamentos da atividade industrial (como a demanda por moradia e a intensificação do uso da infraestrutura viária). Nesse sentido, o vetor oeste apresenta cada vez mais uma diversificação produtiva, incluindo a oferta de serviços característicos de uma subcentralidade metropolitana bem como o desenvolvimento de setores de mais alta tecnologia (como de equipamento médicos, indústria farmacêutica e eletrônica). Ainda assim, setores de baixa e média complexidade tecnológica (como alimentos, móveis e têxteis) continuam importantes na região. Apesar de todo esse histórico industrial, o vetor também se caracteriza pela produção de hortaliças para a RMBH. Além disso, a atividade minerária em alguns municípios do vetor, e também, predominantemente, a expansão da urbanização são as principais fonte de conflito ambiental no vetor oeste que é um dos principais contribuintes para o abastecimento de água da RMBH.

O município de Mateus Leme sofre diretamente essa polarização e esse desdobramento do complexo industrial tradicional do vetor ao longo dos eixos de expansão viários da BR-262 e da MG-050, especialmente nas cadeias produtivas ligadas à indústria automobilística. No entanto, também nota-se no município significativa especialização industrial principalmente nos setores de autopeças, metalurgia e da indústria química). Essa concentração de atividade econômica atrai para o município atividade imobiliária que pressiona a expansão urbana, mas também uma intensificação da ocupação irregular e informal do território.

Em Mateus Leme também se destaca a presença de atividade minerária ligada a não-metálicos e à extração de ferro, o que inclui o município na cadeia de produção minerária da RMBH, atividade que também possui importantes rebatimentos sobre a cadeia industrial do município, bem como em conflitos não só com a preservação ambiental (especialmente em virtude da existência de barragens de rejeito), mas mesmo na disputa pelo uso da infraestrutura viária. A atividade minerária também gera conflitos intermunicipais acerca dos ônus e bônus da atividade minerária cujos impactos se desdobram em municípios vizinhos; conflito este que demanda uma mediação e uma resolução supra-municipal.

Apesar desse caráter industrial, o município mantém uma forte produção na área agropecuária, mas principalmente de hortaliças sendo um importante fornecedor do CEASA e, portanto, uma fonte de abastecimento de produtos alimentícios para a RMBH. Essa potencialidade intensifica um possível conflito entre a preservação da área rural e as pressões por expansão da área urbanizada, mas também indica conflitos entre a preservação ambiental e a atividade agropecuária que, em Mateus Leme, se dá nos moldes da produção em larga escala com características industriais e o uso de insumos químicos.

Por fim, cabe destacar a relação entre a produção do espaço em Mateus Leme e seus possíveis impactos sobre o abastecimento hídrico da RMBH devido à presença da represa de Serra Azul, o que torna ainda mais importante a atenção para os conflitos entre as atividades econômicas desenvolvidas pelo município (indústria, agropecuária e mineração) e a preservação hídrica.


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