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Notícias do planeta terra

José Abílio Belo Pereira

Arquiteto Urbanista

 

Movimentos em direção ao futuro com sonhos e ações por um mundo melhor, mais justo e igualitário, por mais saúde e conservação do planeta, perspectivas de inventar uma economia que enriqueça corpos e almas, revoluções tecnológicas e democráticas parecem ser, para os terráqueos, a grande esperança do Século XXI. Pelo menos para alguns terráqueos, nem tão poucos assim, que se localizam na Região Metropolitana de Belo Horizonte e adjacências e que, há uma década, só para ficar nesse século, se desafiaram a re-inventar a história, na sua própria Constituição; mineiramente.

Era uma vez, três países bem diferentes. No primeiro, o País do Norte, mais azul, havia um enorme mar, há muito, muito tempo atrás. Um dia o mar se mandou e foi recuando para tão longe que deixou saudades por séculos e, muitos milênios depois, as pessoas ainda diziam e cantavam: “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Na paisagem desafogada são visíveis ainda muitas e pequenas lagoas e, dentre tantas outras, a lagoa santa e as sete lagoas, são lembranças de mar. Quase invisíveis existem cavernas diversas, ligadas por um intrincado jogo de canais, misteriosos e subterrâneos, que se enchem e se esvaziam de água, nas chuvas e na seca. Rios são poucos porque, brincalhões, se escondem em sumidouros e reaparecem em ressurgências. Nesse país, que ainda tem um ar meio praiano, nasceu Luzia, no período AC (Antes da invenção da Cidade e Antes de Cristo também), muito antes da civilização dos sumérios, dos egípcios, gregos e romanos, antes dos chineses e dos indianos! Viveu no meio dos primeiros artistas e muitos muralistas da região.

No País do Sul há outro ar, verde, de montanhas, serras nem tão altas nem tão baixas, onduladas, cheias de minas, de ouro, de ferro, de água. Nesse país, nasceu outro povo, religioso, ora dinâmico e apressado, ora nada disso, mas que, quando quis, em menos de 100 anos construiu na paisagem outra civilização, barroca, tropical: a civilização de ouro, branca e negra. Grandes artistas, pintores, arquitetos, grandes músicos, poetas inconfidentes, todos nascidos da contradição de ser mineiros, acostumados a cavar riquezas ferindo a terra e sem construir uma vida mais duradoura. Paisagem e cidades se tornaram patrimônios, Natural e Cultural da Humanidade. Desde sempre esse povo teve sonhos de liberdade e de se fazer contemporâneo, no mundo.

No terceiro país que, ao mesmo tempo, separa e une os dois países anteriores, chamado País do Meio ou País do Elo, que junta leste e oeste, norte e sul e seus muitos conflitos, vai se desenvolvendo outra civilização, ainda chamada de mineira, mas de outra geração, temperada de roceiros, italianos... Essa civilização se organizou para encerrar os tempos de colônia, de insustentabilidade, sob o signo republicano e industrial, em nova capital, nos tempos da civilização do ferro, ferrovias e automóveis.

Está ainda em construção, sempre na perspectiva de se superar, num esforço de se resgatar e ser contemporânea e quer agora, ser metropolitana e cosmopolita. Pode, mais que Urbs, ser Civitas!

O movimento predominante tem sabor especial, em quase tudo se organiza em rede, se articula, sem hierarquias, em responsabilidades coletivas e junta as paisagens, o urbano e o rural, junta muitos saberes, junta líderes e liderados, junta escalas, segmentos, partidos. Pretende construir novo organismo, mais vivo e duradouro, responsável, disciplinado, que articula pedaços, inclui e incorpora, espalha direitos e deveres, sustentável: uma outra cidade, um novo mundo.

Não há mais qualquer dúvida para os terráqueos, cidadãos e metropolitanos, de que precisam se reinventar, econômica, social e ambientalmente. Reconstruir, território e civilização, para todos, para que vivam e sejam felizes para sempre, pelo menos o mais possível, que ninguém é (só) de ferro!

 
   
           
   
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